Arquitetura e Urbanismo é um dos mercados que mais evolui de acordo com os novos desenvolvimentos tecnológicos. É assim com o maquinário pesado usado na construção, com os materiais de obra e também com as ferramentas de projeto. Hoje, essa evolução está relacionada à tecnologia BIM.
Essa é a sigla para Building Information Modeling, ou Modelagem da Informação da Construção. Trata-se de um método de trabalho que reúne, por meio de ferramentas digitais, todas as informações que dizem respeito à construção de um edifício.
A lista abaixo traz informações importantes para arquitetos e urbanistas que pretendem trabalhar com a plataforma, como aumento da eficiência, valorização da profissão e exigências dos contratantes – tiradas de uma palestra ministrada pelo arquiteto e urbanista Luiz Augusto Contier, conselheiro suplente do CAU/BR. Veja, a seguir:
fonte: Archdaily
01. BIM não é um software, é uma nova metodologia
Pode-se dizer que, com o BIM, o arquiteto e urbanista deixa de fazer desenhos ou representações da obra e passa a construir virtualmente a obra. “No AutoCAD, eu desenho virtualmente, as ferramentas são praticamente as mesmas da prancheta da desenho. No BIM, não. Em vez de desenhar, eu construo virtualmente”, afirma Contier. Nos programas que trabalham com o BIM, cada objeto tem uma série de propriedades.
Uma porta, por exemplo, não é apenas um desenho retangular, o programa já diz se essa porta é de madeira, se tem ferragens, dobradura, maçaneta, etc. É como se o arquiteto trabalhasse diretamente na maquete ao invés de desenho.
02. A tecnologia aumenta a eficiência dos escritórios de Arquitetura e Urbanismo
A Plataforma BIM pressupõe um ganho de eficiência dos escritórios e uma assertividade maior dos nossos documentos. Principalmente por evitar erros e retrabalho na hora de compatibilizar os projetos. No modo tradicional, um profissional trabalha na planta enquanto outro faz o corte, são documento soltos, muito mais suscetíveis ao erro.
Com o BIM, ao retirar uma privada de um determinado pavimento do edifício, ela some da planta, do corte e do quantitativo, automaticamente. Todos os profissionais trabalham usando as mesmas informações, em tempo real. O BIM aumenta a assertividade, reduz o retrabalho e permite entregar mais coisas, melhorando a performance do escritórios.
03. A tecnologia valoriza o trabalho de arquitetos e urbanistas
Muitos arquitetos e urbanistas reclamam da concorrência desleal – e ilegal – praticada por leigos que aprenderam a desenhar plantas em programas de desenho arquitetônico – os chamados “cadistas”. Com essa tecnologia, o trabalho dos arquitetos e urbanistas se valoriza, pois é preciso saber mais do que desenhar para montar um projeto: é preciso entender de Arquitetura. “O BIM aumentou a idade média dos arquitetos que tenho no escritório”, afirma Contier.
“Agora preciso menos das pessoas que conhecem os programas e mais das pessoas que possuem experiência em Arquitetura”. Segundo ele, os software de BIM possuem poucos comandos de objetos, o resto é Arquitetura: definir critério, parâmetros, propriedades. “Eu contrato no meu escritório gente que não sabe BIM, porque isso ensino rapidinho, mas Arquitetura tem que saber antes”.
04. A tecnologia traz economia às obras
Com o BIM, o arquiteto possui muito mais segurança para realizar orçamentos de obras, já que cada produto usado no projeto já vem com as especificações de fábrica – incluindo o preço. Além disso, reduz muito o desperdício.
Segundo dados de uma grande construtora brasileira, 88% dos documentos de um projeto sofrem alteração, sendo que 45% do total de documentos sofrem revisão após o projeto executivo. O desperdício com instalações chega a 25%, sendo que 10% decorre da falta de integração entre orçamento, compras e suprimentos. Erros que poderiam facilmente ser evitados com o uso do BIM.
05. Utilidade da tecnologia vai para além da Arquitetura
O processo BIM se inicia dentro de um escritório de Arquitetura, passa por todo o ciclo de vida da obra e da construção e vai acabar na sua demolição. Apesar de começar com o trabalho de arquitetos e urbanistas, o modelo BIM recebe contribuições de todas as outras áreas, sendo usado no projeto, na execução e no gerenciamento do edifício.
O Governo Brasileiro está estudando como usar o BIM para catalogar todos os edifícios que compõem o patrimônio da União, incluindo informações sobre sua localização, o gerenciamento deles, se estão ocupados ou não, qual o custo de manutenção, etc.
06. A concorrência do futuro será em BIM
Com tantas vantagens, muitos contratantes, inclusive governos, já começam a exigir que os projetos sejam produzidos na Plataforma BIM. No Reino Unido, determinou-se em 2011 que o BIM seria obrigatório para projetos de obras públicas com investimento a partir de 5 milhões de libras. No Brasil, no mesmo ano aconteceu a a primeira licitação pública que exigiu BIM nos projetos, para a sede da Petrobras em Santos.
A Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), do Estado de São Paulo, e o Governo de Santa Catarina já visaram que devem só contratar projetos públicos em BIM nos próximos anos. “Hoje, nós temos diversas empresas estrangeiras de projetos, legalmente estabelecidas no Brasil, que já trabalham com a plataforma, e nós não podemos perder mercado para essas empresas”, afirmou Contier.